É um projeto pessoal. Um apanhado de truques sobre as coisas da vida. Sobre umas vivências minhas e muitas observações. Desligar o piloto automático é prestar mais atenção ao que acontece à nossa volta. É menos robotismo e dinheirismo. É um pouco mais de ser humanismo.

domingo, 27 de setembro de 2009

Estilinho


Algumas pessoas têm estilinho.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Fábio Raimundo

Na semana passada, o Fábio Raimundo parou tudo o que estava fazendo e resolveu olhar pra trás.

E percebeu quantas coisas deixou de fazer por se preocupar demais com o banco. O banco foi a preocupação máxima do seu velho pai.

O Fábio Raimundo se deu conta que não poderia mais jogar futebol e basquete na garagem de casa com seus filhos, pois eles já eram adultos e já tinham filhos adolescentes.

O Fábio Raimundo percebeu que sua filha não iria mais sentar no seu colo pra chorar. E depois de consolada, dizer manhosa "Te amo, paizinho...".

O Fábio Raimundo viu que não usava mais anel de casamento, pois sua amada já havia partido.

O Fábio Raimundo se viu sentado sozinho na sala de estar. A televisão desligada. O notebook desligado. O celular desligado.

Então, o Fábio Raimundo se sentiu tão sozinho...

E foi então, que o Fábio Raimundo se levantou, foi até a calçada de casa, andou três quadras para a esquerda, dobrou à direita, andou mais uma quadra e meia e tocou a campainha da casa número oitenta e nove.

E ai, o Fábio Raimundo deu um sorriso. E falou: "Desculpa, Jorge Augusto, meu amigo, por todo este tempo em que estivemos sem nos falar. Desculpa, meu caro, por esta cara rancorosa dos últimos doze anos.".

E o Jorge Augusto também sorriu: "Sinuquinha amiga?"

Fila


Uma fila formada por pessoas que gostam de manter uma grande distância da pessoa que está a sua frente pode ser gigante, porém com poucos integrantes e muito espaçamento.

Sacou?

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Se eu for uma coisa


Eu não gosto muito de pessoas. Se eu pudesse, eu iria conviver com pessoas somente o tempo que tenho vontade. E talvez esse tempo seria bem pequeno.


Pessoas têm vontades, tem pensamentos, desejos, elas acham que estão certas, elas querem coisas. Talvez seja melhor eu ser amigo de coisas.


Se eu for amigo de uma xícara, posso conversar com ela enquanto bebo alguma coisa nela. Se eu passar uma tarde sentado num sofá, posso perguntar pra ele se estou pesado, e posso falar pra ele que ele é bem confortável. Se eu conversar com meu tênis, no meio da conversa posso dizer como é bom ter ele, porque ele não deixa meus pés se sujarem e se machucarem.


Se eu for amigo de uma rua, posso falar pra ela: Oi, rua, vou passar por ti agora, ok? Vou passar por ti e vou dobrar na tua amiga da esquerda!


Na verdade, eu já sou um pouco amigo de algumas coisas. Eu digo “Oi, armário.”, “Liga, TV.”, “Sai, cadeira!“... Mas não gosto muito de pessoas. Porque as pessoas dizem coisas pra mim, e eu não gosto de ouvir o que as pessoas dizem.


As pessoas só dizem coisas chatas. Elas só querem saber de ser felizes. Só querem saber de trabalhar, só querem mais, só querem querer. Elas sempre querem querer, mais e mais.


Eu estou numa fase em que não quero mais querer. Às vezes penso que se eu não quiser mais nada, posso vir a me tornar uma coisa.


Então não precisarei mais conversar com pessoas, porque as coisas não falam com as pessoas. As coisas só falam com as coisas. E as coisas não querem nada. Elas simplesmente são coisas.


Se eu for uma coisa, não vou precisar mais querer.


Se eu for uma coisa, vou simplesmente ser.


Se eu for uma coisa, não vou mais nada.


Se eu for uma coisa.

Triste

Hoje até que estou me sentindo muito bem. Meus olhos estão quase fechando. Estão vermelhos e, como sei que não consigo fechá-los, me contento com leves piscares.

Não posso reclamar, pois ultimamente tenho piscado bastante. Estou cansado, como de costume, afinal, nesses últimos vinte e seis anos, nunca consegui fechar os olhos por mais de vinte e três minutos.

Sim, eu nunca dormi. E isso me incomoda bastante, pois quando chega a noite, não posso conversar com os meus amigos, e a minha família também não quer me fazer companhia.

Quando eu era pequeno, eles diziam que eu tinha que ir para a cama para dormir, mas eu nunca entendia o significado disso... Quando eu tinha quatro anos, comecei a perceber que eles iam para o quarto, deitavam na cama e ficavam quietos e levantavam quando o sol aparecia, e foi ai que entendi o que significava dormir.

Eu nunca dormi. Aliás, eu nunca sonhei também. Algumas vezes já me perguntaram com o que eu tinha sonhado de noite, e eu inventava uma história cheia de detalhes, de um mundo diferente onde as pessoas agiam de forma diferente, e tinham cores diferentes... Mas era tudo mentira porque eu não queria ser visto de forma estranha, como uma pessoa que não tem sonhos. A verdade é que eu nunca sonhei.

Quando chega a noite e todos vão dormir, eu deito na minha cama e fico acordado. Fico pensando nas coisas que acontecem comigo. Penso em como a vida poderia ser diferente. Penso em como seria se ninguém dormisse e penso como seria se eu um dia conseguisse dormir.

Sabe que uma vez eu quase cochilei...! Na verdade, acho que nessa vez eu ia conseguir dormir, mas quando me dei conta da situação, fiquei tão feliz e excitado que acabei perdendo o sono. Mas foi quase!

Se você parar para pensar, não existe um momento em que todas as pessoas do mundo estejam dormindo. Sempre tem alguém acordado, fazendo alguma coisa em algum lugar. E eu sou o único que estou sempre acordado.

Já freqüentei grupos de pessoas que sofrem de insônia, grupos de sonâmbulos, grupos disso, grupos daquilo... Mas como as pessoas são muito chatas, eu sempre acabo mentindo que estou bem para conseguir ir embora, porque não gosto dessas pessoas.

Eu estou tão cansado que não sei mais o que fazer. Eu gostaria de poder fazer coisas legais no tempo em que estou acordado, mas estou tão triste que só o que sei fazer é reclamar. E as pessoas não gostam de mim porque eu só sei reclamar.

Já tomei sonífero, pancada na cabeça, tentei desmaiar um milhão de vezes, mas nada. Parece que a minha sina é seguir acordado para todo o sempre. Quando eu finjo que estou dormindo, as pessoas acreditam, e isso me deixa mais triste, porque além de não conseguir dormir, sou mentiroso.

E assim, a minha vida passa, com sono, cansado, mentindo e triste.

Com um sono triste.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Domingo

Que saudades de sentir preguiça.
Que preguiça de sentir saudades.

Meu amor, eu te odeio

Meu amor, eu te odeio
Você me perturba
E um dia ainda vou conseguir te matar

Meu amor, não sei o que sinto
Tô num labirinto
E esqueci de trazer um fio pra detonar

Mas meu bem, tudo bem
Meu bem, tudo bem
Eu juro que levo os teus olhos castanhos comigo

Meu amor, não fale comigo
Sou teu inimigo
E um dia ainda vou conseguir te matar

Amor, cale tua boca
E tire tua roupa, benzinho
E vamos acalmar nossa dor

Mas meu bem, tudo bem
Meu bem, tudo bem
Eu juro que levo os teus olhos castanhos comigo
Eu juro que levo os teus olhos castanhos comigo

No McDonald's...

- Que horas são, Gabriel?
- Hora de comprar um relógio.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Tchau, Val, até amanhã!


Imagina se cada dia da nossa vida a gente trabalhasse num lugar diferente com pessoas diferentes:
- Tchau, Mari, obrigado pelas dicas.
- Tchau, Marcão, te cuida, parceiro!
- Adeus, foi um prazer te conhecer!

Esses dias quando sai do trabalho vivenciei um sentimento de extrema frustração, uma certeza de que no outro dia eu iria para o mesmo lugar para fazer coisas muito parecidas com as que fiz no dia anterior. É óbvio que cada dia tem sua singularidade, e que surgem novos desafios e novas possibilidades, mas parece que muitas pessoas se sentem seguras ao dizer "Tchau, Val, até amanhã!".

Naquele momento pensei como seria se fosse diferente. Lembrei de seres e coisas que vivem essa mistura contínua de ambientes. Lembrei de alguns mendigos, de cachorros de rua, de pássaros, da areia que se muda conforme o vento sopra. E lembrei que não é comum fazer uma coisa diferente a cada dia. E lembrei como isso é ruim.

Algumas pessoas escolhem viver cada dia da sua vida em um lugar diferente. Essas pessoas tem coragem e não são apegadas a certas coisas. Nesse sentido, talvez elas sejam vitoriosas.


E ai, pensei como seria se eu não tivesse apego a nada. Provavelmente não teria mais os mesmos poucos amigos, os colegas de trabalho e de faculdade. Não teria nem mesmo a mesma família. Talvez eu tivesse religião. Não teria mais nação, nem hino, não usaria as mesmas roupas, nem teria mais os mesmos sentimentos. Não teria mais uma língua para falar.

Eu posso gostar de novas músicas, de novas pessoas e das velhas pessoas também... Posso andar um dia de tênis e outro de chinelo. Posso pegar carona num dia e um ônibus no outro.

Eu posso pedir esmola num dia e pedir esmola no outro. E pode ser que ninguém me dê um centavo! E ai, terei que trabalhar com alguma coisa em algum lugar. E ai, pode ser que eu tenha que ir trabalhar com as mesmas pessoas, todos os dias. E ai, pode ser que eu volte a dizer "Tchau, Val, até amanhã".

...e ai, pode ser que um dia eu vivencie um novo sentimento de extrema frustração.

Sinal amarelo


Quando você vê o sinal verde ficar amarelo você acelera
para não pegar o sinal vermelho e ter que parar.

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Paula Rosenthal

Paula Rosenthal tinha um cisto no estômago. Ela não sabia disso, mas a dor a incomodava há anos... Um dia resolveu chamar o médico da família e iniciou um tratamento a base de um coquetel de remédios. O tratamento tinha duração prevista de 3 meses. O cisto era um problema genético, sua avó também sofria da mesma dor, mas se curou como num passe de mágica.

Paula trabalhava como aeromoça, e passava muito tempo da sua vida de pé. Durante a primeira semana do tratamento decidiu que iria fazer uma massagem nos pés para relaxar e começar um período novo, sem dores.

A massagista, por um acaso do destino, acabou ativando o chakra das pernas de Paula. Este chakra tem ligação com o chakra dos ombros, que por sua vez, tem ligação com o chakra do estômago.

Com o chakra do estômago reativado, o cisto começou a diminuir de tamanho, excluindo a necessidade de cirurgia, o que Paula mais temia.

O médico da família ganhou a glória pelo resultado atingido.

A avó de Paula também era aeromoça.

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