É um projeto pessoal. Um apanhado de truques sobre as coisas da vida. Sobre umas vivências minhas e muitas observações. Desligar o piloto automático é prestar mais atenção ao que acontece à nossa volta. É menos robotismo e dinheirismo. É um pouco mais de ser humanismo.

sábado, 22 de março de 2014

Re-nova














Com a indiferença dos medianos,
a única coisa que estamos dividindo
é o velho teto.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Bufa















Ela entrou no ônibus e bufou.
Passou o cartão, andou num passo rebuscado, mas desarmônico e ligeiro pelo corredor e sentou na minha frente. Clicou o celular como quem dá uma palmada numa barata. Arrastou duas vezes pra esquerda e clicou nas mensagens. Apagou algumas. Olhou pela janela num olhar vazio, ainda era dia, apagou mais umas duas e sossegou. Não se mexeu até passar pelo teatro. Sorriu quando a menina tatuada deixou ela descer do ônibus primeiro e andou até o número 60.
Girou a chave, tirou a blusa vermelha, abriu uma cerveja.

...

...chegou em casa, enfiou a mão na bolsa, mas não tinha a chave. Alice abriu a porta e bufou.

quarta-feira, 19 de março de 2014

discussão q nao tem fim

discussao tem fim, sim. qdo a gente olha pra gente e resolve mudar.
ai termina

segunda-feira, 10 de março de 2014

Adeus na rodoviária

Ela entrou no ônibus.
Ele voltou pro estacionamento e deu partida no carro vermelho.
E se desmanchou em lágrimas.
E foi assim que o amor renasceu.

O sambinha














A vida na cidade do interior. Pode ser no Rio de Janeiro. 1979.
Os detalhes do cotidiano. As coisas que acontecem por lá.

A dona de casa estendendo a roupa no varal dos fundos da casa.
As crianças fazendo presepadas.
A moça bonita de saia, pernas torneadas e cabelo escovado.
Os trabalhadores querendo sentir seu perfume e entrando em delírios.
O padre dando sermões nos adolescentes espoletas.
A fofoqueira na janela contando causos para a vizinha.
O bêbado.
O dono do bar que não gosta de vender fiado.
Os velhos amigos que se encontram para jogar xadrez.

E tudo isso acontece em torno da praça no centro da cidade.

A malandragem. A tristeza. Os dias de festa. Os namoricos. O caminhar de chinelo. A espera no portão de casa. O rádio a pilha. O desejo não correspondido. O cigarro. O banco da praça. Os cachorros. A mesma moça e seu ligeiro caminhar para tomar o trem.

A la minuta
















Você chegou botando a cara e a coragem
E um ovo pra fritar
Fez a maior fumaça pra dourar umas batatas
E um bife pra gente almoçar

E se eu não tivesse que sair pra trabalhar
A gente ia ter ficado a tarde toda
Dando risada, falando bobagem

Me lembro bem desse dia
Quando tu chegou todo animado
Espirrando azeite pra todo lado
Veio com uma nova cabeça, uma nova idéia
E a gente demorou um pouco
Pra se acostumar

É assim que é
Agora a gente ouve um sambinha,
Come chocolate meio amargo com café

É assim que é
Agora a gente ouve um sambinha,
Come chocolate meio amargo com café

Final de semana

Já passou muitos finais de semana
Já teve gente que eu conheci e desconheci
Já mudei de casa, fiz a barba, deixei o cabelo crescer
E você ainda não ligou

Mais de meio ano passou, e você não ouviu as minhas músicas novas
Tem esse perfil de não dar bola
Sei que te machuquei um dia, e hoje entendo e te peço perdão
O jogo virou, enfim, e agora quem sofre sou eu

Você não me dá atenção, não me liga mais pra dar um alô
E coitado de mim, após tanto tempo virei seu maior fã
Foste o motivo do meu pranto na despedida
E minha maior inspiração dia após dia

Espero um dia te encontrar, dar risada, resgatar
Tudo aquilo que vivemos juntos num passado tão distante
E poder reviver aqueles sentimentos puros e inocentes
Com a maturidade de gente grande

Cachorragem

Se todo dia eu te espero e você nunca vem aqui
Me encontrar de noite, no meu jardim

E se eu te chamo cada vez que eu ouço o som de um carro chegando
Quando abre a porta é sempre outro alguém que vem e me dá atenção

E eu te espero paciente e impaciente, sofro e aprendo a segurar meu coração
Porque você demora eu imploro a cessão da tua ausência

E quando você aparece sou sempre pega de surpresa.
E aí eu te devoro, te amo, te adoro.
É aí que eu me desmancho, me entrego, me transformo.

O que me conforma é saber que tenho o seu amor
E que por mais que a distância sempre te afaste de mim
A vida me ensinou que um dia você volta.

A difícil tarefa de te beijar o rosto

Três e trinta e seis
Ela não está aqui
Lavei roupa, cabelo, toalha de mesa
E ela está atrasada

Às vezes suo, às vezes finjo
Me sento aqui e ali
Me arrumo, me coço, suspiro
E a tarde, ensolarada

Vou e venho em meus lamentos
Em tormentos, oh! pensamentos
Nada o coração me acalma
E do coitado, sobrou quase nada

O interfone me acoa:
Chegou a hora indesejada
De beijar o rosto
Da ex-namorada

Re-lacionamento
















Ela arranjou um novo namorado.
Ele parou de fazer questão.